Saco de Ossos
por Stephen King
uma crítica de Jorge Candeias
publicada em 11.09.2001
republicada em 20.08.2003
OK, confesso, este foi o meu primeiro King. Nunca tinha lido nada do senhor, mas vou continuar a ler. Já tenho mais dois livros na pilha...
Quanto ao Saco de Ossos, achei fundamentalmente chato. É um calhamaço de 570 páginas que só melhoraria com menos aí umas 200. Especialmente as primeiras 200, que chegam a tornar-se quase ilegíveis de tão cheias de palha e desprovidas de uma linha narrativa. Depois, a coisa melhora, e há alturas pelo meio do livro em que dá pra entender o porquê do King ser quem é. A espaços vê-se que o homem escreve bem e sabe construir uma história. É pena que o fim do livro volte a descambar. Aquela maneira que ele arranjou para pôr o fantasma do Devore a chatear o fantasma da Mattie, a Kia e o Noonan (coisa que era evidente que ia acontecer desde a morte do Devore) "montado" no fantasma da Sara Tidwell não lembra ao Diabo. É demasiado para que a suspensão da descrença funcione e só o que consegui pensar durante os últimos capítulos do livro foi uma sucessão ininterrupta de "bahs". É um autêntico anticlímax, que está precisamente no lugar onde deveria estar o clímax que fizesse com que as 500 páginas que estavam para trás tivessem valido a pena.
Bah!
Eu já sabia, de ter lido algumas resenhas antes de pegar no livro, que o Saco de Ossos era um livro fraco, para os padrões do King. São os próprios fãs que o dizem, ou pelo menos alguns deles. E eu confirmo: é um livro fraco, sob quaisquer padrões a não ser os do comprimento. Não aconselho ninguém a começar a ler King por ele.
Quanto à tradução, está acima da média das traduções de FC&F, o que não é dizer muito. Tem falhas, algumas delas graves e que se sentem durante todo o livro. Há demasiados casos em que se lê o texto inglês por debaixo da camada portuguesa que lhe é posta por cima. E há também, lá para o fim, algumas falhas de revisão que prejudicam a leitura um pouco mais.
Resumindo e concluindo, não vale grandemente a pena.
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