R e v i s t a . e l e c t r ó n i c a . d e . f i c ç ã o . c i e n t í f i c a . e . f a n t á s t i c o

Carrie

por Stephen King

uma crítica de Jorge Candeias

publicada em 29.04.2002

republicada em 11.06.2003

Carrie, romance publicado originalmente em 1974, foi um enorme êxito editorial de Stephen King, quer antes quer depois da sua adaptação ao cinema. E, ao ler-se o livro, compreende-se porquê.
É contada a história de como, quando e por que razão Carrie morre, levando consigo centenas de pessoas num apocalipse sobrenatural. Carrie é uma jovem finalista do liceu de uma cidadezinha da Nova Inglaterra, que só não é uma americana típica porque é filha de uma fundamentalista cristã totalmente louca (o que lhe causa sérios problemas na escola), e porque é detentora de poderes telecinéticos que se manifestaram na primeira infância e se recomeçam a manifestar quando, muito tarde na adolescência, ela tem a primeira menstruação.
É uma história contada com muita habilidade. O texto está repleto de avanços e recuos na narração, saltos no ponto de vista, verbetes de enciclopédia e recortes de jornal ou fragmentos de livros que dão ao texto um tom documental, todos postos nos sítios certos para banalizar o extraordinário e fazer o leitor aceitar com naturalidade o inverosímil. E vai-se encaminhando para a apoteose de destruição final, que é apresentada ao leitor quase desde o início como o desfecho da história, num acumular de suspense acerca de quais os passos que tiveram de ser dados até atingir esse desfecho, sobre o que provocou o quê, que resulta na perfeição.
Com pouco mais de 200 páginas, este romance é daqueles livros que têm o tamanho rigorosamente certo para a história que é contada. Com Carrie percebe-se a razão que leva King a vender tanto e a arrastar multidões: o texto é extraordinariamente eficiente, revelando um domínio perfeito da arte de contar histórias. Não haverá muita literatura naquilo que a palavra implica de malabarismos verbais, porque o texto é simples e despretencioso. Mas há-a em tudo o resto.
Quanto à tradução, é também ela eficiente. Não se nota. E isso é o melhor que se pode dizer duma tradução.
Cinco estrelas.

Gostou deste texto? Ajude-nos a oferecer-lhe mais!

 

Carrie

por Stephen King

Publicações Europa-América

Colecção Livros de Bolso, série Pêndulo, nº 45

tradução de Fernanda Pinto Rodrigues

1990

Críticas a outras obras de Stephen King

A Casa Negra

À Espera de um Milagre

A Rapariga que Adorava Tom Gordon

A Zona Morta

O Talismã

Os Olhos do Dragão

Saco de Ossos

Jorge Candeias escreveu:

 

Sally

Edições Colibri

2002

(leia a crítica de Octávio Aragão)

 

Desconhece-se o Paradeiro de José Saramago

O Telepata Experiente no Reino do Impensável

Jorge Candeias organizou:

O Planeta das Traseiras

e escreveu a introdução e os contos:

O Caso Subuel Mantil

No Vento Frio de Tharsis

Artigos de Jorge Candeias

Críticas de Jorge Candeias

Entrevistas de Jorge Candeias

Jorge Candeias - página de autor