Os Olhos do Dragão
por Stephen King
uma crítica de Jorge Candeias
publicada em 15.09.2001
republicada em 19.08.2003
Este livro é basicamente um conto de fadas, um livro de fantasia puro e simples, com o seu dragão, o seu mago mau e os seus heróis juvenis que salvam a situação no fim, não sem antes tudo parecer perdido uma série de vezes. É um livro para adolescentes sem maiores pretensões que isso, incluindo apartes "educativos" e tudo. Está bem escrito e a tradução da Lídia Geer é agradável.
E, basicamente, está tudo dito. O livro fornece aquilo que se espera dele, sem grandes voos, é certo, mas também sem grandes defeitos.
Indo ao pormenor, posso dizer mais um par de coisas:
O King, em meia-dúzia de alusões logo no início, consegue deixar a noção de que o lugar onde a história se passa não é a Terra nem nenhuma Terra paralela onde a magia funcione. Isto é um modo hábil de conciliar a fantasia com os espíritos mais "realistas", contribuindo, talvez, para tornar a história mais credível aos olhos de algumas pessoas.
Em termos de acção, esta é escassa durante longas passagens. O King resolve com alguma frequência detalhar o ambiente ou os motivos dos personagens, ocultos ou nem tanto. Diferentes leitores poderão considerar isto um defeito ou uma virtude. Pessoalmente nunca achei o livro propriamente cansativo, se bem que em 350 páginas se poderiam passar muito mais coisas do que as que se passam aqui.
Há uma técnica narrativa curiosa, com alusões a coisas que se vão passar mais à frente na história, o que ajuda bastante a encarar o livro um pouco como um objecto oral, uma coisa contada à noite à lareira por um senhor rugoso de barbas brancas. É, na minha opinião, a característica mais bem conseguida do livro.
E é só.
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