Em O Poço de Fogo (no original The Pool of Fire), John Christopher descreve a ofensiva das forças da resistência terrestre contra os invasores alienígenas, ofensiva que, como é óbvio desde o início (mesmo que por vezes não pareça), acaba por ser bem sucedida. Seguindo fielmente a receita neste último volume, Christopher põe os seus personagens em frente de grandes perigos dos quais têm de safar-se graças à coragem, imaginação e também um pouco de sorte.

Por isso este é o pior dos três volumes da trilogia. Mas não só por isso. É que mesmo que seja praticamente inevitável que o final de uma série dirigida a adolescentes seja algo deste género, a quantidade de clichés que este terceiro volume contém acaba é, apesar de tudo, excessiva e faz com que Os Trípodes, globalmente considerados, não cheguem às alturas que prometeram em volumes anteriores.

Outro defeito, para quem encara esta história como uma trilogia, é que este livro está inteiramente dependente dos anteriores, funcionando na prática apenas como um terceiro volume. Aliás, se a trilogia tivesse sido publicada nos dias de hoje, ocuparia pela certa apenas um volume e seria muito provavelmente apelidada de romance, visto que tem um total de "apenas" cerca de 400 páginas.

Por tudo isso, em termos de livro independente, não posso dar-lhe mais do que três estrelinhas, e cabisbaixas.

Quanto ao todo, a uma apreciação global, Os Trípodes funcionam bem e cumprem os objectivos. É uma história de FC juvenil bem conseguida e, a espaços, imaginativa, com uma dose q.b. de homenagem ao grande clássico Wells, personagens que despertam facilmente a identificação dos adolescentes a quem a história é dirigida, especialmente àqueles que eram adolescentes na época em que foi escrita mas é provável que ainda funcione para os que o são nos bem menos inocentes dias de hoje.

A tradução, de Wanda Ramos, é boa, e os errozinhos que põem os cabelos em pé, que parecem inevitáveis nas traduções portuguesas, são aqui muito pouco frequentes, ficando o resto da prosa escorreita, bem à maneira do autor.

Não será uma trilogia muito aconselhável a leitores experientes de FC ou a adultos inveterados. Mas são três livros agradáveis e que, para o escalão a que se dirigem, acabam por ser bons. Levam, por isso, quatro estrelas.