Os Trípodes 2 - A Cidade de Ouro e Chumbo
por John Christopher
uma crítica de Jorge Candeias
publicada em 06.07.2002
republicada em 22.07.2003
Neste segundo livro da trilogia Os Trípodes, de John Christopher (A Cidade de Ouro e Chumbo, ou The City of Gold and Lead no original), acompanhamos as aventuras e desventuras de um trio de jovens enquanto procuram penetrar numa das cidades dos invasores alienígenas. De facto, ficamos a saber que há uma cidade alienígena implantada algures na Alemanha, para onde são levados jovens humanos em grande quantidade (os mais dotados) e de onde nenhum regressa. Os resistentes humanos das montanhas suíças vêem nessa cidade uma forma de ficar a conhecer algo sobre os trípodes, que apesar de dominarem o planeta há várias décadas permanecem um mistério tão grande como quando chegaram.
É, assim, formado um trio que irá tentar entrar na "cidade de ouro e chumbo", constituído pelos já conhecidos "Beanpole" e Will e por um alemão taciturno chamado Fritz. Inevitavelmente, porque caso contrário não haveria história, depois de uma série de peripécias, Fritz e Will conseguem ser escolhidos para serem enviados para a cidade dos trípodes.
É neste ponto que começa a parte mais interessante de toda a trilogia. Christopher descreve uma sociedade e uma espécie verdadeiramente alienígenas, com grande atenção ao pormenor, e fugindo sempre que possível do cliché. Aqui, os ETs não são apenas humanos em fatos de borracha, nem se fundem numa uniformidade sem rosto. Pelo contrário, são biologica e psicologicamente diferentes do Homo sapiens, mas são indivíduos, com personalidades, facções e ideologias políticas diferenciadas.
Will e Fritz dão por si na condição de escravos, rodeados por uma atmosfera venenosa encerrada numa cúpula, oprimidos por um peso quase insuportável, e encarregues de uma missão, a recolha de informações, que se lhes afigura, por vezes, impossível de levar a cabo. Na FC adulta este cenário daria pano para mangas, mas estamos no domínio da FC juvenil, logo a complexidade não é muito elevada e o resultado de tudo, a fuga na posse das informações vitais, é inevitável.
Mesmo assim, graças principalmente à muito interessante descrição da sociedade alienígena, A Cidade de Ouro e Chumbo é o livro mais interessante da trilogia. O maior defeito é que, ao contrário do primeiro volume, que praticamente dispensava continuação, este não tem um fim e exige que a continuação da história se faça num terceiro volume, sendo portanto bem menos independente que o anterior.
Quatro estrelas.
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