E eis a Sci-Fi News Contos número 2, com algumas novidades relativamente ao número 1:

Para começar, o destaque é uma página de folhetim, em que Jorge Luiz Calife, autor muito conceituado do lado de lá do Atlântico mas que em Portugal publicou apenas o conto Sonhadora, na antologia O Atlântico tem Duas Margens (onde é identificado como "José"), contará um capítulo de uma noveleta sua por mês. É uma ideia interessante, embora tudo menos nova, visto que foi assim que algumas das maiores obras da literatura mundial viram a luz do dia pela primeira vez, mas talvez nos dias apressados de hoje não resulte tão bem como em 1900. A ver vamos.

Surgem também dois espaços diferentes para correio do leitor, um genérico e o outro destinado a opiniões sobre a ficção publicada na revista. Curiosamente, todas as opiniões expressas são altamente elogiosas. Ora, como está mais que provado que o Pai Natal não existe, parece óbvio que há aqui o dedo dos editores a suprimir os comentários menos favoráveis. Se for assim, então as potencialidades do espaço desaparecem, passando este a servir para autopromoção da revista, a ser lida por quem já a comprou... será que isso serve para alguma coisa?

Quanto ao resto da revista, mantém o nível geral do número 1, com um melhoramento de peso: a horrível imagem de fundo nas páginas de contos desaparece, o que é simplesmente magnífico. O fundo é agora um desenho do logotipo da revista que mal se distingue e que não prejudica a leitura. O pior fundo é agora o preto: por vezes, quando a impressão é demasiado saturada o fundo preto não ajuda. Mas lê-se sem maiores dificuldades.

Nota-se um certo aumento na profundidade dos artigos. Ao contrário dos do número 1, que pecavam pelo superficialidade, os do 2 estão na medida certa de profundidade: já fornecem alguma informação extra e interessante aos conhecedores, sem deixarem de poder ser lidos de forma inteligível por novatos.

Quanto aos contos, Questão de Sobrevivência, do Carlos Orsi Martinho, é um excelente trabalho, bem escrito e bem construído, adequado aos dias que correm e ideologicamente coerente (o que tem como efeito secundário que haja quem não concorde por inteiro - eu, por exemplo). Muito bom. Já O Cavaleiro e o Dragão, de Marta Argel, é algo divertido mas inconsequente, com um anjo Manuel, português, naturalmente, a cumprir à risca, com eficiência e desembaraço criativo as instruções do valente cavaleiro Valente, o que vem a revelar-se não tão bom como poderia supor-se à primeira vista...

Desenganem-se se pensaram que desapareceu a fanfiction, no entanto. Ela lá está, fraca como seria fácil de supor, se bem que mesmo assim bastante melhor que a do mês anterior. Há a destacar, entretanto, que Ramiro Brizola, o autor, tem 19 anos e que se deixar de perder tempo com fanfics pode vir a tornar-se um escritor interessante daqui a uns anos.

Um último reparo, antes da avaliação final: geralmente em textos de autor, o nome do autor deve aparecer em lugar de destaque, ou logo após ou nas imediações do título. Não no fim da história. É um detalhe, mas é um detalhe importante.

Resumindo: um número 2 melhor que o número 1, subindo mais um pouco para o lado positivo da avaliação. A revista se continuar assim vai pelo bom caminho. Esperemos que assim seja.