O Planeta das Virgens
por Poul Anderson
uma crítica de Jorge Candeias
publicada em 13.09.2001
republicada em 27.06.2003
Este livro chamou-se Virgin Planet no original, e terá sido escrito pelo Poul Anderson no moderno ano de... 1959.
É um livro excelente. Especialmente se forem da opinião de que o lugar da mulher é mesmo na cozinha, de onde nunca elas deveriam ter saído e para onde, se houver justiça, mais tarde ou mais cedo regressarão. Especialmente se forem espectadores fiéis do "Mulher não Entra" e se rirem alarvemente de cada anedota machista que o Feyo e o outro contam, por entre flatulências e arrotos de cerveja.
Fora isso, é puro pulp retardado.
O herói é um puto armado em esperto que, contra todos os regulamentos, e por motivos que o autor não se dá ao trabalho de explicar, resolve meter-se numa nave e partir espaço fora à descoberta. Sozinho.
Enquanto chega e não chega ao planeta, anda a jogar à apanhada com um "vortex". Mas safa-se, claro, só para aterrar num planeta e ser capturado por uma vuluptuosa amazona.
Ops, um planeta de amazonas?
Isso mesmo, meus caros, um planeta de amazonas.
Uns séculos atrás, ao que parece, o tal "vórtex" tinha apanhado uma nave cheia de mulheres, só com mulheres, e tinha-a danificado o suficiente para que não houvesse outra opção a não ser aterrar no primeiro planeta que aparecesse. Claro que o primeiro planeta que apareceu foi um planeta que apesar de fazer parte de um sistema duplo, é perfeitamente adequado à vida humana.
Problema: como fazer criancinhas sem homens a bordo?
Fácil: há a bordo uma máquina de "partogénese" que trata do assunto.
Esta acaba por ser a parte mais interessante do livro, porque a sociedade que é construída a partir de um conjunto limitado de genótipos fechados oferece perspectivas interessantes. É que a sociedade das mulheres é uma sociedade de clones que se hierarquizou até ao ponto do surgimento de uma casta por família, pelo menos na maioria dos lugares.
O resto são as aventuras e desventuras do homem no meio das mulheres.
Quanto à tradução, é outra vez muito acima da média da Argonauta. A Alexandra Santos Tavares voltou a fazer um trabalho razoável. Deve ter-se fartado de rir com o que estava a traduzir...
Enfim, por 615 pauzecos é capaz de valer a pena. Quanto mais não seja para suspirar pela época em que nós, os homens, éramos a espécie dominante sobre a Terra...
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