A Companhia dos Mágicos
por Robert A. Heinlein
uma crítica de Jorge Candeias
publicada em 30.11.2002
republicada em 12.08.2003
A Companhia dos Mágicos, como o próprio nome indica, não tem nada de FC. É um livro que está na fronteira entre a novela e o romance, com cerca de 40 mil palavras, e que se passa num mundo paralelo ao nosso em que a magia funciona de facto, existem demónios, salamandras, duendes e demais coisas sobrenaturais e mitológicas. Nesse mundo, há os magos e os outros, e a magia é uma actividade económica como outra qualquer ou, neste caso específico, como era outra qualquer actividade económica nos Estados Unidos dos anos 40.
A trama segue o perfil típico de um romance policial contado na primeira pessoa. Acompanhamos um empresário de construção que começava a ter algum sucesso com os seus materiais enfeitiçados e se vê assaltado por uma série de calamidades de origem sobrenatural, ficando reduzido a coisa nenhuma, ou quase. Entretanto surge na sua vida a Magic, Inc., uma companhia de mágicos que pretende fazer negócio com ele.
Vamos descobrindo a pouco e pouco que a Magic, Inc. é organizada em moldes mafiosos e pretende controlar por completo as actividades taumatúrgicas da região, recorrendo para isso a truques sujos e atentados. Enfim, um espelho fiel do que se ia passando na época numa América em que ainda não tinha terminado a era dos gangsters. A coisa mete advogados e investigações policiais, polícia e detectives privados, mas no fim de contas o protagonista acaba por ter de ir ao Inferno conferenciar com o próprio Diabo para tentar ver o seu problema resolvido.
É uma história bem-humorada que nunca pretende ser mais do que entretenimento, embora acabe por se tornar de certa forma um olhar irónico e caricatural sobre a sociedade do tempo. Literariamente, está ao nível e ao estilo de um policial banal da época: a prosa é simples e escorreita, e pretende apenas contar a história de A até Z, passando em rigorosa ordem alfabética por todas as restantes letras do abcedário.
A tradução é razoável, tal como o próprio livro. Três estrelas.
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