O Castigo dos Yurth
por Andre Norton
uma crítica de Jorge Candeias
publicada em 03.01.2002
republicada em 01.09.2003
Apesar do que o nome possa sugerir, Andre Norton é uma senhora, nascida no princípio do século passado e com uma longa e prestigiosa carreira na escrita de FC, fantasia e também fora do género. Nem sequer se trata de um pseudónimo, à maneira de James Tiptree, Jr. e de outras escritoras que escreveram sob o disfarce de um nome masculino para evitar a discriminação: Andre Norton é mesmo o nome dela, pelo menos desde que deixou legalmente de chamar-se Alice Mary Norton.
Quanto a O Castigo dos Yurth, Yurth Burden no original, é uma obra menor, seja em comparação com outras obras de Norton, seja em valor absoluto. Apesar disso, reflecte bem os temas típicos de Norton, e a forma que ela escolheu para tratá-los.
Trata-se fundamentalmente de um livro juvenil (ilustrado e tudo), sem nada de inovador nem nas ideias nem na forma. Mascara-se de ficção científica mas se o analisarmos até ao âmago, descobrimos que é na realidade um livro de fantasia heróica. Duas raças compartilham um planeta tecnologicamente atrasado: os yurth e os raskis. Os yurth são possuidores de poderes mentais que lhes permitem controlar quer os raskis quer outras formas de vida do planeta. Em parte por isso, os raskis odeiam profundamente os yurth que, por sua vez, desconfiam dos raskis. Mas muitas coisas os unem. Um exemplo? Ambas as espécies fazem passar os seus jovens por ritos de passagem.
E por aí vai a história. Quem já tem alguma experiência no género já sabe onde tudo isto vai levar. Já Tolkien utilizou o mesmo tipo de técnicas e conflitos seja n'O Hobbit seja n'O Senhor dos Anéis. Norton tem, pelo menos, a vantagem de ser mais concisa: ao longo de menos de 150 páginas, uma jovem yurth e um jovem raski percorrem o seu mundo, de início com total desconfiança mútua mas obrigados a uma aliança devido aos perigos que enfrentam. Há muita utilização de poderes especiais, muitas grutas e cavernas, muitas ilusões de carácter mágico, muito roçar os braços da morte, muita abracadabra para enfrentar forças terrivelmente malignas que tentam destruir os jovens a cada passo.
É um livro banal, bastante fraco literariamente, e que ainda por cima consegue ser prejudicado por uma tradução também ela fraquinha. Anda entre a estrelinha solitária e as duas estrelas, num máximo de cinco. Muito dispensável.
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