Mr. X
por Peter Straub
uma crítica de Luís Rodrigues
publicada em 25.09.2001
republicada em 10.10.2003
Confesso que peguei neste livro na esperança de ler uma obra de grande qualidade, convencido pelas críticas entusiásticas na contracapa e pelo Prémio Bram Stoker que recebera. Talvez tenha colocado a fasquia demasiado elevada porque Mr. X de Peter Straub acaba por ficar bastante aquém das expectativas.
A história que Peter Straub resolve contar centra-se - às vezes com dificuldade - em Ned Dunstan, um homem que é vitima de paralisia em todos os seus dias de anos e de seguida obrigado a assistir aos crimes hediondos perpetrados por uma entidade misteriosa conhecida apenas por Mr. X. E com outro aniversário à porta, Ned põe-se a caminho da sua terra natal em Illinois após um pressentimento sobre a morte da mãe. Porém antes de falecer, a velha senhora divulga ao filho algo que o conduz aos segredos mais estranhos e obscuros da família, e à identidade do Mr. X.
Enquanto o livro mostra alguma promessa de início, com cenas alternando entre a vida de Ned Dunstan (cenas essas que tendem a arrastar-se) e as deliciosamente vis façanhas do Mr. X, este acaba contudo por deambular por uma desinteressante sequência de clichés que Peter Straub não se preocupa em revitalizar. O final também me pareceu insuficiente, divagando por demasiado tempo à espera de uma reviravolta que já tinha feito as malas e ido de férias há muito.
Mr. X está também bastante longe de ser um bom exemplo do melhor trabalho de Peter Straub. A sua escrita é deliciosa, e Straub claramente sabe invocar palavras e imagens que se agarram à mente do leitor por muito tempo, porém aqui apenas se pode ter uma visão fugidia desse esplendor sinistro.
Apesar das várias falhas de Mr. X, o livro contém algumas raras passagens que nenhum entusiasta do Horror deveria perder. Isto vale a dobrar se o leitor é também um admirador fanático de H.P. Lovecraft, pois Straub presta aqui uma grande homenagem a esse senhor. Contudo, prepare-se para atravessar as mais de 600 penosas páginas de enredo, personagens e ambiente insípidos para ter um vislumbre destes saborosos nacos. Não vale o esforço se não houver tempo para isso.
Em última análise, ultrapassa-me por completo a razão deste romance ter sido galardoado com um Bram Stoker. Não é um livro horrivelmente mau, mas está a quilómetros de distância da melhor escrita de Peter Straub. Fiquei desapontado.
Pontuação: 2/5
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