Síndrome de Quimera
por Max Mallmann
uma crítica de Luiz Felipe Vasques
publicada em 25.09.2003
Surrealismo, ficção científica e quotidiano
Síndrome de Quimera, o terceiro livro do gaúcho Max Mallmann é, no mínimo, insólito.
Na melhor tradição do realismo fantástico latino-americano, Mallmann nos conta uma história repleta de surrealismo sem perder de vista o quotidiano, com tons de tragédia sem entretanto nunca perder o bom-humor. As personagens são a princípio tipos comuns, com suas vidas normais, do pano de fundo da cidade — a não ser por detalhes estranhos: uma personagem tem os olhos brilhantes como os de um vampiro; outra, de vez em quando, para relaxar do dia a dia, põe o cérebro de molho — literalmente —; e o próprio protagonista tem seus problemas, com uma pequena serpente que lhe envolve o coração... falar mais é arriscar a estragar a surpresa.
Mas basta dizer que, pessoalmente, achei que o tratamento dado ao caso tem um quê de Neil Gaiman, autor da série de quadrinhos Sandman: as coisas são surreais apenas porque são, sem nenhuma fanfarra ou pseudoexplicação esotérica-mística — e isso não impede que o surreal seja um ótimo vizinho, ou companheiro de mesa de bar.
São cem páginas de texto que vão nos levando como se fosse uma agradável conversa de bar (onde aliás a história começa - após uma apresentação no capítulo 1) regada com muita cerveja, desenrolando-se com uma fluidez que convida o leitor a simplesmente devorar o livro: começou, não tem muito como largar.
Gostou deste texto? Ajude-nos a oferecer-lhe mais!
|