As Maçãs Douradas do Sol
por Ray Bradbury
uma crítica de Jorge Candeias
publicada em 16.09.2001
republicada em 13.07.2003
É verdade, o livro é antigo. Foi pela primeira vez editado em 1952, e à boa maneira FC reúne 22 contos publicados anteriormente nas revistas da época. Estava-se em plena "Golden Age", e as revistas enchiam-se de fantasias espaciais repletas de heróis musculados e garotas de formas vuluptuosas que arregalavam os olhos perante os disparos de armas laser nas margens dos canais de Barsoom.
No meio disto tudo, aparece o Bradbury com a sua prosa e as suas histórias que escorrem poesia por todas as linhas, e com uma imaginação tão brilhante que o levou a criar alguns dos paradigmas do género, coisas que pouco depois se transformavam em clichés de tão repetidas por outros autores.
N'As Maçãs Douradas do Sol pode ver-se todo o Bradbury, e em alguns dos seus momentos mais brilhantes: a FC, o fantástico, o horror, aquele Bradbury que de FC&F tem muito pouco ou nada. É uma das grandes vantagens que este livro tem quando comparado com outros livros de contos do mesmo autor. Que também pode ser desvantagem quando se salta de um magnífico conto FC para um conto "americana" sem grande projecção. Mas a prosa do Bradbury está lá sempre, de um modo geral muito bem vertida para português pela tradutora, apesar de algumas falhas aqui e ali. E há a possibilidade de ler alguns dos melhores contos de Bradbury e, por inerência, alguns dos maiores clássicos de sempre do género.
A Sereia de Nevoeiro, O Andarilho, A Feiticeira de Abril, O Fruto no Fundo da Taça, O Assassino, Sol e Sombra, O Prado e, principalmente, Um Som de Trovão são diamantes de muitos quilates que é imprescindível conhecer. Sim, foram imitados muitas vezes, com maior ou menor grau de inépcia. Sim, muitas das ideias ali contidas tornaram-se clichés mais tarde. Mas é aqui que está o original.
Este é um livro a ler sem falta. Antigo e tudo.
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