O Homem Adrenotrópico
por Keith Brooke
tradução de João Barreiros
conto publicado em 23.11.2001
republicado em 07.12.2003
Um homem, rico e poderoso, dono de uma das empresas de proa da revolução biotecnológica, é assassinado de uma forma invulgar. Mas apesar de assassinado, continua a viver.
Leia o conto em:
ISBN: 989-8072-05-9
ISBN (13): 978-989-8072-05-4
Historial
Publicado originalmente na revista britânica Interzone, nº 30, de Julho de 1989.
Publicado na revista online Infinity Plus, em Agosto de 1997. (ler o original)
O Autor fala sobre a obra
tradução de Jorge Candeias
Por um triz não me tornei contabilista...
Isso ainda me parece uma ideia horrível, mesmo agora passados quinze anos. Em meados dos anos 80, a contabilidade era uma opção popular para estudantes que não se decidiam sobre as suas carreiras futuras - popular para os conselheiros vocacionais, pelo menos, já que havia vagas aos montes. Fui a algumas entrevistas, foram-me orefecidos alguns empregos, aceitei um deles e foi então que o horror me atingiu: contabilidade! Uma vida inteira de fato e gravata, sem tirar os olhos de folhas de cálculo, estudando leis fiscais e estratégias de investimento. Aquilo simplesmente não era eu.
A minha noiva empurrou-me na direcção certa. Farta de me ouvir resmungar acerca da perspectiva de passar uma vida na contabilidade, disse: "Bem, porque não tiras um ano? Podes escrever aquele livro que andas sempre a dizer que queres escrever". Nessa altura já escrevia há um par de anos. Tinha vendido algumas histórias a revistas pequenas mas não mais do que isso: escrever a tempo inteiro era um risco enorme, mas a Alison falava a sério - ela iria sustentar-me enquando eu escrevia.
Acabámos os cursos, casámos e o meu ano de escrita começou. Escrever um romance parecia-me um passo demasiado grande, portanto comecei a pensar em ideias para contos. O Homem Adrenotrópico apareceu-me um belo dia: a ideia de um homem a contar o seu próprio assassínio e sendo transformado pela experiência de formas insuspeitadas. Assim que tive esta ideia soube que era muito melhor que qualquer ideia que tivera até então. À medida que ia escrevendo essa sensação ia aumentando, e quando acabei soube que a minha escrita tinha subido a um novo patamar.
Enviei o conto à Interzone e o sub-editor, Simon Ounsley, respondeu dizendo que tinha gostado mas que havia uma ou duas falhas na lógica. Tinha razão, portanto fiz algumas pequenas alterações ao conto, reenviei-o e ele foi aceite: a primeira história que produzira como escritor a tempo inteiro transformara-se na minha primeira venda profissional.
A história era futuro próximo quando a escrevi, mas actualmente as datas situam-se no passado próximo - todas as histórias de futuro próximo acabam desta forma, como uma espécie de história alternativa. Não me parece que tenha envelhecido muito mal: algo como isto poderia facilmente ter acontecido nos anos 90.
Keith Brooke, Outubro de 2001
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